sábado, 2 de agosto de 2008

A névoa eterna


Depois daquele dia, a minha Razão culpou-me eternamente pela tua morte e masturbação, pela tua manipulação e pela estupidez numa noite enovoada. Talvez um dia tenha sido doce rosa, girassol amarelo perante a luz tépida da tua mente, mas agora sei que me transformei e perdi em tal noite enovoada. Perdi a cor, o corpo, o brilho, a textura, o sabor, a candura! Será que resta alguma coisa, alguém, será que resto eu? Não sei, talvez restes tu, até.

Mergulhei no teu amor e egoísmo, banhei-me de ti. Quando as águas secaram o veleiro parou e num acto de desespero gritei e apertei a bússola na minha mão e esta derreteu infinitamente, continuadamente. Perdido, inventei o meu chápeu de um pedaço de um jornal velho e procurei um búzio do mar, que ecoasse aquele silêncio ensurdecedor que tanto procurei quando me arrisquei para lá do pôr-do-sol.



Luísa

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