quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sobe, segue a montanha no seu dorso
olha estas casas que se perdem no vazio
vê os caminhos que o tempo já percorreu
sem que se atingisse o espaço absoluto
olha as muralhas em ruína
os ventos bruscos
sente a inclinação da luz
pelo crepúsculo
alisa a escarpa que se abre
no teu peito e chora meu amor,
chora no ar fresco rarefeito
por todos os espaços que ainda
não percorreste e transpiras por viver
porque o cais que buscas é a noite
a noite dos predadores sem medo
onde às vezes, só às vezes,
na transparência do silêncio
entre montanhas onde vive o tempo
o mar diz o teu nome a medo
na dança das águas contra o vento
e todo o absoluto de uma vida
cabe nesse relativo momento…
Sobe, escala a montanha até ao sol
aqui onde o tempo se retrai
aqui mesmo te reinventei como urze
solitária ou composto de carbono
nascido da terra mãe
Sobe e procura as cinzas
do lume onde o tempo arde
E sente o infinito absoluto
do teu nome ecoando pelos vales.

Autor: don't remember
Deixem a vossa opinião =)

sábado, 2 de agosto de 2008

Some things remain


My dearest friend,

you've been growing inside me for all these years, staring right at me while I was looking back into your eyes. You could not see right through them, but you would confront me with the simplicity of your words, and you were surprisingly able to emphasise your ideas. In rare occasions, when I dropped my pudency at the front door, I would let you in, and you could feel the cold breeze. I felt you were the best thing that had ever happened to me. It was a strange admiration, probably it was not mutual, but this was an inevitable feeling, that could not possibly be restrained. Maybe, at that time, I would be awake at night and would be daydreaming for the rest of the day, and this makes it very clear to me. I hope you were not a ghost, I used to feel you so intensely, just as if we had known each other for many many years, that I truly hope you were not a lie of my imagination.

And then everything changed: you dropped your convictions, your gods and godsses, your mythical creatures, your lovely poems, your writing, I mean, yourself, and embraced a new confidence and a new faith. If I were you, I know I would scream and cry during those long nights of metamorphosis. Your eyes were now different, maybe they were green (they used to be dark blue), but I still felt the same about you. You still had the same overwhelming look, your hair was as messy as ever and I laughed when I looked at you again and kissed you tenderly.

I had really missed you during those lost months, when you were absent from everything. I don't know if I understood the new "you", and I still don't know if I understand you now, after you've been through some more changes. It's hard for me to keep up to you, maybe you don't need me to, but this is a need that lies deep in me. I'm afraid it is a selfish quest for a new "me".

After this, there was silence everywhere. No one would dare to make a move, to make a stand, and we held still, horribly silent for these last few months, just as if we were statues, mimes, very white, inexpressive, hopelessly lonely. I missed you, my dear friend, I felt you had failed to me and then I knew I had lost you. I could still recognize some pieces of you, but there were too many holes and losses. You were forever gone, but I know you're not dead and that you're not a ghost - you're just living in the twilight. Sometimes you go to sleep at sunrise and get up and sunset, so we haven't been talking much. But I still feel you, even though you may sometimes fade away in a foggy night. You're a spiral, that's all I may say, that elevates and flies in that blue sky, over those green fields. We're silent but I hear you, sometimes, and when my eyes meet yours, in bold dreams, I see pacience, suffering and mutual understanding, even though the distance is getting longer and longer.


Love,
Luísa

A névoa eterna


Depois daquele dia, a minha Razão culpou-me eternamente pela tua morte e masturbação, pela tua manipulação e pela estupidez numa noite enovoada. Talvez um dia tenha sido doce rosa, girassol amarelo perante a luz tépida da tua mente, mas agora sei que me transformei e perdi em tal noite enovoada. Perdi a cor, o corpo, o brilho, a textura, o sabor, a candura! Será que resta alguma coisa, alguém, será que resto eu? Não sei, talvez restes tu, até.

Mergulhei no teu amor e egoísmo, banhei-me de ti. Quando as águas secaram o veleiro parou e num acto de desespero gritei e apertei a bússola na minha mão e esta derreteu infinitamente, continuadamente. Perdido, inventei o meu chápeu de um pedaço de um jornal velho e procurei um búzio do mar, que ecoasse aquele silêncio ensurdecedor que tanto procurei quando me arrisquei para lá do pôr-do-sol.



Luísa

domingo, 1 de junho de 2008

Viver


Só quero viver, só quero essa oportunidade, mas roubaram-ma quando levaram a minha alma sonhada para dentro de muros distantes, que nem sei o que protegem. Quero agora expressar-me, pois é somente isso que me mantém vivo, mas estou entorpecido, e agora já não tenho alma que me acorde, que me relembre como é gostar e saborear, como é chorar, como é viver!, agora que o tempo não se dá tempo suficiente. Os meus poros já não respiram, a minha mente enfraquece e tudo se esvai neste pesadelo sonhado em sonhos vagos, mas que cai numa realidade sólida, apoiada nas fundações duma sociedade orgulhosa mas que não se orgulha do digno, que esconde a sua coragem numa armadura insensível à dor humana. Empunha a espada por nós na força que revela, esquece-se daqueles que seguram esta fundação, assente na leve areia da praia.
Em sonhos desejo, como um simples trabalhador digno, voltar às raízes e lá permanecer, a reparar todos os estragos dos louvados, todos os actos que as destruíram. Aspiro a voltar a ser poeta e a abandonar esta armadura incumbida a meu cargo, que reflecte tudo aquilo que os homens não conseguem exigir de si. Espero ser livre, um dia, e levar o meu próprio fardo, que nessa altura não será um peso, não só por ser carregado por gosto, mas também por não ser nada mais que pão e água. Assim partirei para onde poderei caminhar neste jardim.


Luísa

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Já faz um ano!

Saudações!

Não tenho escrito ultimamente, apesar das milhentas ideias que me têm passado pela cabeça, porque, entre outras coisas, mudei de casa e por isso tenho estado apertada de tempo. Agora só tenho os olhos nas férias, e recordando umas maravilhosas férias na Escócia, no ano passado, deixo-vos aqui uma pequena ideia de como aquilo é:

" 8 de Março de 2007, dia quarto
Hoje foi o grande dia da ida à capital, a Edinburgh. Levantámo-nos de manhã cedo para partirmos rumo à romântica capital da Escócia. Apanhámos o autocarro e dentro de uma hora e meia chegamos ao destino.
Mal saímos da estação de autocarros tivemos a sensação de entrar noutra realidade. Não se assemelhava a nada que alguma vez tínhamos visto! Logo em frente, do outro lado da rua, um edifício que quase parecia um monumento. Via-se que era antigo, com pedras caídas de preto, como o resto da cidade. Chamava-se North Saint Andrew Street, e era esta a rua onde se encontrava um pelourinho com a estátua de St Andrew. Do outro lado da rua era tudo antigo, muito trabalhado e com grandes pedras formando superfícies planas. No nosso lado da rua era tudo moderno, com prédios estilizados e feitos de vidro. Era, portanto, semelhante ao que se encontrava na Natureza. Esta era a antítese na cidade: a modernidade opondo-se à História, à Cultura do tempo. Parece algo inconcebível, absurdo, mas é a sua desigualdade que cria a harmonia da cidade, no efeito geral.
Passámos pelo Parlamento e ao atravessarmos a rua vimos um homem de kilt, com trajes a rigor, somente passeando pela agitada cidade. Foi algo que estranhámos, ao início, mas logo nos habituámos a todo o nacionalismo existente nas ruas: estavam hasteadas por toda a cidade bandeiras da Escócia, apelando ao patriotismo dos cidadãos."



quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

What a lovely smile!


Como dar um verdadeiro sorriso? Eis uma questão interessante, para qualquer amante da arte de Rir. Encontrei um artigo sobre este assunto na revista "Única", há uns tempos, e achei que seria giro explicar como é um verdadeiro sorriso, e a partir aí detectar se o sorriso que vemos é verdadeiro ou forçado. Eis algumas características do sorriso:

- a simetria, ou seja, os cantos da boca encontram-se puxados para cima de forma igual, e não um mais puxado que o outro (lool:D);

- as fileiras dos dentes estão mais à mostra num verdadeiro sorriso do que num que é forçado, quer dizer, quando nos rimos natural e espontaneamente vêem-se, normalmente, as fileiras dos dentes de cima, mas também um pouco dos dentes de baixo (em alguns casos), o que não acontece quando se força o sorriso;

Tendo em conta estas duas características, poderemos facilmente fazer uma distinção entre um verdadeiro ou falso sorriso. E então pergunto: Porquê dar um falso sorriso, enquanto que nos podemos rir mesmo a sério? Acho que em situações em que temos que impingir um sorriso quando não temos vontade de o fazer (como nas fotografias:P), podemo-nos lembrar de boas e felizes recordações ou acontecimentos cómicos de que nos lembramos que na altura nos fizeram rir rir e rir! Acho que dá resultado!:D



Beijinhos,

Luísa

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

3 filmes, 2 conversas e um papel



"Céu de Outubro", "Passeando pelas Nuvens" e "O Pianista" são os filmes ideiais para completar uma noite já por si incompleta. Bem, mas não só... uns quantos telefonemas para aqueles bons amigos, talvez já um pouco distantes ou esquecidos, mas que sabemos que serão sempre grandes amigos de facto! Estes sim conhecem-nos mesmo a fundo, e suspeitam logo se reparam nalguma diferença mínima na maneira de falar, mais fechada e acanhada do que é costume... Não lhes podemos escapar, somos demasiado transparentes, claros e simples perante tais poderosas pessoas! Mas é esta extrema sinceridade que nos permite manter uma relaçao tão estreita mesmo com aqueles que parece que já se foram há muito, com aqueles que apenas tinham deixado felizes memórias, mas que agora as reanimam com um mero telefonema. E, por último, vem o papel, senhor fiel aos seus encargos, cada vez mais envelhecido mas sempre belo :D


Bem, isto foi um desabafo pequenino... também foi, mais ou menos, um resumo do meu sábado, dia 12 de Janeiro, dia de uma longa estada em casa! Aconselhei-vos 3 bons filmes, para aqueles que ainda não conhecem vale a pena! :D


Beijinhos,

Luísa